Era moderna: O fim de um poema


(ACOS)


A televisão ficou ligada
O facebook conectado
A janelinha do msn piscando
Tudo internectado

A cuca nada criando
A cuca ficando vazia

Para onde foi os versos que se perderam?
Para onde foi? Para onde vai? 

Mudo de canal
troco o telejornal 
Atualizo a rede social

Poema que não consigo escrever
Poema que fica na pele
Poema que não consigo escrever

Maldito! 

Onde anda a criatividade que um dia trouxe os versos?

É tudo repetido, canto com a Ivete, 
doou voz ao Faustão
É onze da noite
E a cuca nada criando

Maldito! 

Desliga essa tv, abre esse livro
Foge, escreve, pensa, sente
Pergunta, responde, corre,  escreve
silêncio, grito, diz sem dizer
não liga essa tv!

O poema não escrito

Poema na pele, 
nas entranhas
Garrado na alma, 
deu lugar as máquinas,
cabeças encolhidas dentro ou fora da ufes, 

é o fim de um poema! 
[ ... e de outros!]
é o fim do pensamento!


Por que dos porquês?!
(ACOS)

    A menina que era diferente e não gostava que os coleguinhas a chamasse de "diferente". Mas o tempo foi passando: dias, semanas, meses e ela continuava a ser diferente. Já havia acostumado-se com os vários apelidos que recebeu ao longo dos dias.
    Um belo dia a caminho de sua casa azul ...sim, porque a menina que era diferente morava numa casa azul, com portas azuis, janelas azuis e cheia de quartos azuis. Então, ela parou e pensou:
    - Esquisito! Por que as pessoas imaginam, criam? Como elas criam as coisas? Eu queria tanto criar algo! Será que as pessoas têm poderes mágicos para isso?
    Pensando naquelas perguntas que surgiram simplesmente porque era chamada de "diferente", começou a olhar tudo de outra forma. Todos os dias, acordava e observava sua mãe na cozinha criando novos sabores para o almoço. Seu irmãozinho inventando novas formas de brincar, em maneiras que seu pai criava para descansar no sofá.
   E o tempo foi passando e já no final de um ano em que muitas coisas aconteceram com a menina, então sem querer percebeu que as coisas acontecem sem querer. Ela olhou o avô sentado na beira da poltrona com um sorriso no rosto, mas era aquele sorriso, que só se tem no ano novo.
   Ela pensou:
   - Ano Novo? Novo? Tudo novo? O que vai se criar de novo? Por que tudo novo? E as coisas desse ano vão desaparecer? Por quê? 
Ela fazia uma longa viagem entre suas perguntas. Imaginava respostas e com muitas outras perguntas terminava o ano sentada à beira do sofá com seu avô, sorrindo. Como todos os anos, sorria para vida na janela da casa azul.





Muito além, será?
(ACOS)

Não tente decifrar-me:
Sou confusão e paixão,                                    
a ordem na desordem
o remédio no tédio
Sou contradição na contra mão
a inquietude dos aflitos,
o grito dos desesperados
sou o mistério dos poetas.
Mas acima de tudo:
sou moça do verbo amar,
sou euforia
serena na gandaia
de alegria escancarada.

Só não esqueça:
sou feita de mar
e não tardo revolta!

_______________Saga do Poeta_______________


As mães não querem mais filhos poetas.
A esterilidade dos poemas.
A vida velha que vivemos.
Os homens que nos esperam sem versos.
O amor que não chega.
As horas que não dormimos.
A ilusão que não temos.

As mães não querem mais filhos poetas.
deram o grito
desesperado
das mães do mundo.

Hilda Hilst, baladas, pg 55.



Problema de poeta é a cabeça que num para de girar e o coração de sonhar...
Problema de poeta é em tudo ver poesia: no pouso do pássaro,  a vizinha à cantar...
Viver de versos, de prosas e rimas
ter trato com a imaginação
viver de amor e madrugadas
é a saga do poeta, que outrora berra no reino das palavras


Dores de uma noite fugaz













(ACOS)

Noite fria
covardia com a cria sem mãe

Histórias de amarguras
do banzo ou da guerra
no alto da serra.

Queixas desoladas
tagarelices e risadas

Só importa estar em paz
Numa noite tão fugaz?

Cada com sua história
e sua dor,
 todas notáveis

viveu quem quis
chorou quem lutou
rompendo novos cantos
em recantos confusos

noite fria de julho
noite quente de amor
que rompe a dor
do ser que chora sua história.

Código Florestal!

Plante na Mente: O NOVO CÓDIGO FLORESTAL por: Caroline Sá

MORENA


(ACOS)



Ela tem um ar que nem nas moças
mais viçosas e gracis pude notar
Cheiro que nem flor do campo pode exalar
Lábios delicados, ah!
Perco-me nesses lábios

Sem altivez ou desdém, poderosa és!
Cheia desse magnetismo sensual
dessa coisa formal,
que a torna tão perigosa
Moça mestiça ..
da pele morena e faceira.

Vive da ordem na desordem
Encantando meu coração,
envolvendo-me em seus braços
nessa paixão.
Irradiou meu dia e trouxe os mais loucos
fetiches.....


Peregrina de mimNo mais íntimo serNessa tarde de sexoNuma prosa sem nexoSei de cor seus traços, mulher!

Vestida de branco, delicada senhorita
com graça e postura,
tão diferente de mim: artista
Teu amor me enche de brandura
Teus gestos me atordoam
Não se dizer-te adeus, morena!
(...)

P.S: Meras imaginações de quem só sabe te desejar. 


A vida vem sorrindo
Florindo
Cada um tem o seu lugar
-Abrigo-
Tudo ao seu tempo
-Sossego-
Todo rancor para trás
-Balanço das horas-
Deixa o vento levar 
-Flores de todas as cores-
Enxuga o pranto
-Põe fim no tormento-
A vida vem sorrindo! 

(ACOS)


Se tiver insônia, sonha...

Se você ficar sozinho pega 

a solidão e dança
disse, Marcelo Camelo




A janela continua aberta para sorte entrar, uma hora, ela entra...tenho fé!
Quem um dia fez-se poeta
(ACOS)

Berra o poeta
Que em hora objeta
Sem escalas
Linhas traçadas
Despede o sujeito
Que outrora fez-se artista
Agora lança voo
E parte sem co-piloto
Num tiro perdido
Solta o último verso:

Temporais são só calmaria,

Não tem capital que mude a pontaria.



Além do umbigo, mora o perigo,
abrigo que vale qualquer castigo!
(ACOS)


E mesmo que meus passos sejam falsos,
mesmo que os meus caminhos sejam errados,
mesmo que meu jeito de levar a vida incomode,
eu sei quem sou...
E sei pelo que devo lutar,
e se você acha que meu orgulho é grande,
é porque nunca viu o tamanho da minha
 FÉ!

[Tião Carreiro]
Lindíssimo!! Estava me fazendo falta, agora é pé no chão, fé sem medidas e luz no coração. Mudei a sequência, agora a história vai ser diferente!

Foi-se você! 
(ACOS)

Sinto desprazer na sua fala
desencantamento pelo ontem
...
Nas margens
de mim, em qualquer jardim
prezo confiança
dou-lhe respeito
Te entrego o melhor de mim
Acanho qualquer defeito
Deixo o melhor carinho
Estimo melhor feição
e só espero paixão.

Frágil farsa,
Ontem se foi
você também.
Quis fingir desdém
Não teve conversa
Deixou-me com um olhar fugidio
Que atraiçoa o teu olhar,
e te leva para longe
sem ao menos te amar.

Sua máscara caiu,
Perco as lembranças do ontem
Repúdio ao te ver passar.
Frágil farsa!



TEMPO, TEMPO

(ACOS)

O tempo passa,
sem você
sem eixo
sem vírgulas,
sem pontos
apenas passa.
E segue
...
Junto com a grande massa
sinto-me precoce,
até me queixo.

Sem rezas,
meu corpo anuncia os espasmos
mas tudo segue.
E eu sigo pensando em você.



"Leve com você apenas o que combina e cabe na sua nova etapa de vida."



(Faxina Geral, Martha Medeiros)


Tenho feito isso! E que tenha muito axé nessa nova etapa!!!



Uma paranóia leve pairou, mas segurei a guia de Ogum
(era terça-feira) e fui em frente.


(Caio F - Cartas, A Jacqueline Cantore, Sampa, 24 de Junho de 1981)
AGORA, NADA!
             (ACOS)



Qualquer rima a dois
o resto vejo depois
Só quero eu você
de luas a sóis
rimar depois.
Mariazinha e João!
(ACOS)

João, homem forte e robusto, sempre à abocanhar
Mariazinha, curvas acentuadas, doçura no olhar.
Viviam imensa paixão, caso proibido, longe dos conjugues.

Mariazinha, nunca teve outros amores
Tão pouco homem como João.
Casou-se obrigada
Filha da Maria fedida
e do José dos temores
Não teve saída, triste mulher sem João.

João, homem de bem que adora acerola
Cabra macho que nem rebola
Casado para cumprir promessa
Infeliz era, até conhecer singela,
Mariazinha, que encantou seu coração.

Refugiavam-se no campo,
Entoavam suspiros de amor
João cantava Belchior
Mariazinha dançava pelo campo.

João, um dia enlouqueceu
triste ficou
Consciência pesou
Fugiu, sem deixar vestígio
Não houve noticia no hospício.

Não teve ais pro tal amor
Sem chão, nem céu ou João
Mariazinha, coitada, morreu de amor!


Só vendo pra crer em disco voador
Quem acredita vê duende no retrovisor...



QUERO ALUMIAR
(ACOS)

Quero um táxi lunar,
Viajar a beira mar
Fugir das coisas que sinto
e pressinto
Quero a brisa do mar,
quero amar.
Um par de asas
abrasadoras
Quero voar,
voar ...
Com olhos de dália por aí iluminar .


Mistério! 
(ACOS)


Moça de muitas dores e temores
rosa bela coberta de espinhos

Feridas abertas
Marcas incontáveis.

Rosto fugidio
olhar de mistério
bondade e receio
numa só feição
Quem sabe dessa moça
e desses mistérios?

Perdida em desgraça
Peito aberto e coração na mão
Moça de riso
e lágrimas jamais vistas.
Quem sabe desvendar esse imbróglio?!
Quem sabe dessa moça ...

Enfadonha sensação
que de tão intrépida se faz voraz

Flor que cresce e adoece
e ninguém percebe
Versos soltos que não valem o riso dessa moça
Que desperta inquietude e tem paixão
 no olhar
e se encontra na contradição
Quem és tú dona do mistério?!





                  Oxênte!

 (ACOS)
Céu azul
longe do sul

mar vermelho
axê, oxênte, Oxum
dentro de mim rainha
moça da chuva
juro
arueira, aroá,
sativa

o vento faz admirar
sereia, deusa do mar

lótus, Vênus, possibilidades
“tá” na areia
linda sereia

embalada na rede
o soluço de dor
Canto de revolta pelos ares
balanço dos mares
Cadê Raul?
Foi pro mar!
Ver a sereia bailar!
Ogum!

Cabelos macios
luz de encanto
balaio dos rios
Paz

Samba da beira do mar
sereia
Radiante, brilhante á nadar
encanto da noite
canto arguto
atributo de difunto
nem mais um minuto
“to” de brincadeira!

OxÊnte!