Brasil em LUTO


Segunda-feira. O dia deu em chuvoso. Dentro de mim, dentro do Brasil. Não foi só as nuvens que choraram hoje. Não basto uma garrafa de cerveja para escapar da dor. Há dor em cada canto de nossas casas. Dor que berra à perda de sonhos, dor de quem agora tem medo de ir para longe. 
Hoje, o sol em luto não apareceu.

ACOS

Viver é não ter a vergonha de ser FELIZ!!


ACOS

A casa de avó parece ser um ponto de encontro da família: jovens e idosos, tio e tia, criança e bebê. Talvez seja o cuidado que a familía quer mostrar para anfitriã-a geração que, embora crescida na ignorância e no suor do trabalho pesado, mostra-se a mais sábia diante das adversidades que vem e advim. Cuidado, afeto, confusões, as façanhas das crianças tão oriçadas, os tão temidos conselhos biblícos. A comida farta e saborosa. O calor da pele com pele, da mão que afaga, da boca que soa os sermões e indiretas em volta da mesa, brigas e mais... Família tem disso!
E no meio dessa desordem da ordem que avó sempre quer, noto e prendo-me a observar as crianças brincando e inventando mil e um porquês com o giro realizado pela máquina de lavar e suas proezas para nós, adultos: molho rápido ou longo, enxágue, lava e seca, só falta a roupa sair passada. Ah, é pedir demais! Ou não, a vida é tão corriqueira e as facilidades de longe, atraentes. Voltando as crianças e suas guedelhas embraçadas, nas quais pouco se importam, vejo a felicidade refletida pela simplicidade. Recordo-me do que o Zeca Baleiro disse em uma de suas belíssimas músicas: " Felicidade pode ser qualquer coisa/uma cachaça, um beijo, um orgarmo, um futebol na tarde de domingo..."  ah! Bem sabe ele o que é felicidade.
Nós, meros adultos, tão metídos a sabidos da vida que tanto tenta nos ensinar com pequenas coisas, vivemos no emaranhados das adversidades, rodeado pelo extresse do patrão, pela dúvida do amanhã, com o feijão na panela e esquecemos da alegria substancial para nossa essência. Alegria essa que as crianças encontraram até no giro da máquina de lavar roupas. Por que tanta cobrança? Por que nos roubaram à infância? Por quê? Se, deparo-me a observar uma máquina de lavar roupas, e rio com isso, com certeza de louca serei taxada pelos que também me observam.  Já até imagino o murmurinho na mesa do almoço de domingo, a tempestade na tampinha de cerveja, o pomo da discórdia.
Quero ser criança! Não! não quero fugir da responsabilidade do trabalho em meio ao sistema capitalista, não. Tão pouco quero fugir dos males e tornar-me maleável as palavras de consolo no colo da mamãe. Quero é sorrir do que é bonito, quero que bonito seja o que é simples, e simples seja até o barulho do liquidificador fazendo suco para curar ressaca. Quero olhos que brilham ao ver a oportunidade de brincar que à vida oferece, ter uma estado de espírito em júbilo pelo abraço ou pela ida à praia. E quero ir devagar, devagarinho,  conhecendo a essência da vida, do encontro dos amigos, do aconchego da família, do amor e desamor que a vida oferece ... Por isso, eu fico com a pureza da resposta e do olhar de uma criança e ponho-me à cantar: " Viver! É não ter a vergonha de ser feliz. Cantar e cantar e cantar, a beleza de ser um eterno aprendiz ... "